UPA 24 Horas de Campo Largo Enfrenta Racionamento de Materiais Básicos e Denúncias de Favorecimento
Unidade de Pronto Atendimento enfrenta escassez de insumos essenciais devido a atrasos na entrega e investiga alegações de privilégios no atendimento.
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A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 Horas de Campo Largo, está passando por uma grave crise de abastecimento de materiais essenciais para seu funcionamento adequado. De acordo com informações obtidas por nossa redação, a unidade teve que racionar insumos básicos, como papel toalha, papel higiênico, luvas descartáveis, copos plásticos e seringas. A situação teria sido causada por um atraso na entrega dos materiais por parte da empresa responsável pelo fornecimento, o que impactou diretamente o atendimento prestado à população.
Diante da escassez, a diretoria da UPA precisou recorrer a Unidades Básicas de Saúde (UBS), outros postos ligados à Secretaria Municipal de Saúde de Campo Largo e ao Hospital São Lucas, buscando alternativas para evitar um colapso no atendimento. Apesar do esforço para contornar a situação, funcionários relataram dificuldades no dia a dia, uma vez que a ausência desses itens compromete não apenas a higiene, mas também a segurança dos pacientes e dos profissionais da saúde.
Até o fechamento desta matéria, nossa redação não obteve informações sobre o desfecho da reunião e quais medidas seriam adotadas para resolver a crise de abastecimento.
Além da preocupação com a falta de materiais, uma denúncia grave surgiu nos bastidores da UPA 24 Horas de Campo Largo. Segundo informações repassadas à nossa equipe, um dos diretores da unidade teria solicitado a uma enfermeira que passasse um amigo seu na frente dos demais pacientes que aguardavam atendimento na fila de espera. O diretor teria, inclusive, indicado um médico específico para atender a esse paciente, ignorando os protocolos de classificação de risco.
A enfermeira, que estava de plantão no momento do ocorrido, recusou-se a atender o pedido e relatou o caso em um áudio enviado ao grupo interno de funcionários da UPA. Na gravação, a profissional afirmou que não poderia cometer tal irregularidade, pois, caso o fizesse, seu registro profissional (CRM) poderia ser comprometido. A atitude da enfermeira demonstra a importância do compromisso ético dos profissionais de saúde, que devem agir sempre com imparcialidade e respeito às normas vigentes.
A conduta denunciada vai contra os princípios éticos fundamentais da medicina e da enfermagem no Brasil. De acordo com o Código de Ética Médica, estabelecido pela Resolução CFM nº 2.217/2018, é proibido conceder privilégios no atendimento médico sem critérios técnicos e de necessidade clínica. O Artigo 23 do código determina que "é vedado ao médico deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando de sua responsabilidade, pacientes que necessitem de sua assistência, salvo quando houver risco iminente de vida para o profissional, devendo, nesse caso, garantir a continuidade do atendimento por outro colega habilitado".
Além disso, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, estabelecido pela Resolução COFEN nº 564/2017, reforça a obrigação de tratar todos os pacientes com equidade, sem favorecimentos indevidos. Caso confirmada a denúncia, o diretor responsável poderá ser investigado por improbidade administrativa e abuso de poder, podendo sofrer sanções administrativas e até criminais, dependendo do andamento das investigações.
Os problemas enfrentados pela UPA 24 Horas de Campo Largo refletem uma realidade preocupante na saúde pública municipal. A falta de materiais básicos compromete a qualidade do atendimento e coloca em risco tanto os profissionais quanto os pacientes. Além disso, denúncias de favorecimento no atendimento são extremamente graves e precisam ser investigadas com rigor, para garantir que todos os cidadãos tenham acesso ao serviço de forma justa e igualitária.
Diante desse cenário, é essencial que o poder público adote medidas urgentes para regularizar o fornecimento de insumos e assegurar que a unidade funcione de maneira adequada. A presença de vereadores fiscalizando a situação demonstra a importância do controle social sobre a gestão da saúde, mas é necessário que providências concretas sejam tomadas para evitar que problemas como esses voltem a ocorrer.
Nossa equipe seguirá acompanhando o caso e trará novas informações assim que houver atualizações sobre a reunião entre a diretoria da UPA e os vereadores, bem como sobre o andamento da denúncia de favorecimento no atendimento.
Matéria: Marcopolo Pais
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