Seja bem-vindo
Campo Largo,31/01/2025

  • A +
  • A -

Merkel critica seu próprio partido, que aceitou votos da extrema direita na Alemanha


Merkel critica seu próprio partido, que aceitou votos da extrema direita na Alemanha

Angela Merkel, chanceler da Alemanha de 2005 a 2021 e um dos nomes mais reconhecidos da política alemã no mundo, fez fortes críticas a Friedrich Merz, seu colega de partido que admitiu votos da extrema direita para aprovar uma moção no Parlamento.


 

Publicidade
Na quarta-feira (29), o atual líder da CDU, apontado pelas pesquisas como o próximo primeiro-ministro do país, apresentou uma resolução sobre imigração sabendo que ela só seria aprovada com o apoio da controversa AfD. Foi a primeira vez no pós-guerra que algo semelhante aconteceu no Bundestag.


Merkel, em postagem nas redes sociais, reproduziu um discurso do próprio Merz, de novembro, em que o parlamentar afastava a possibilidade de formar maiorias com a sigla extremista. Naquele momento, a coalizão do governo Olaf Scholz ruía, e Merz, segundo Merkel, "expressou uma grande responsabilidade política, de Estado, que apoio totalmente".


"Acho errado não nos sentirmos mais vinculados a essa obrigação e permitirmos uma maioria com os votos da AfD", escreveu a ex-chanceler. Merz justificou a quebra do paradigma com o argumento de que a moção, que não tem força de lei, mas serve como orientação para o governo, força um "caráter de emergência" ao controle imigratório.


Episódios recentes de violência protagonizados por imigrantes acirraram o debate público sobre o assunto a semanas da eleição parlamentar, que ocorre em 23 de fevereiro. Críticos de Merz percebem oportunismo eleitoral na manobra. Em posição confortável na discussão, Alice Weidel, candidata da AfD a premiê, declarou que o adversário está copiando suas propostas.


Dirigentes do SPD de Scholz, dos Verdes, assim como integrantes da sociedade civil, elogiaram a atitude de Merkel. Merz tem diferenças antigas com a ex-chanceler. Ele chegou a se afastar da política por quase duas décadas depois de ser obliterado pela adversária em uma disputa interna da CDU, o partido conservador alemão. Merkel se tornou premiê, e Merz foi para o mercado financeiro, onde se tornou milionário.


A reação de Merkel, por outro lado, tem forte caráter institucional. Scholz, assim como outros críticos, declarou que Merz era "indigno" de se tornar primeiro-ministro pelo partido que já teve nomes como Konrad Adenauer, Helmut Kohl e a própria Merkel. O primeiro batiza a sede do partido, em Berlim, que teve que ser evacuada nesta quinta-feira (30) após recomendação da polícia. Ao menos 4.000 manifestantes eram aguardados para um protesto contra Merz -um enorme retrato de seu rosto domina a fachada do prédio. Atos parecidos foram organizados em cidades como Leipzig e Dresden.


Líder da CDU no Parlamento, Thorsten Frei defendeu o colega em entrevista ao Die Welt. "Acho que foi certo colocar a moção para ser votada", disse Frei, repetindo que a importância do tema era maior do que a necessidade de manter o chamado Brandmauer, ou firewall, a distância que os partidos democráticos mantém da AfD. Merz, ainda na noite de quarta-feira (29), já tinha procurado minimizar a importância do instrumento.


A crise tende a piorar nesta sexta-feira (31), quando a CDU propõe outra votação não acordada com a coalizão minoritária de Scholz. Desta vez, porém, os votos da AfD seriam usados para aprovar um projeto de lei. A proposta também está relacionada ao endurecimento do controle imigratório; e, de novo, Merz é acusado de açodar o debate legislativo em busca de dividendos eleitorais.


Se bem-sucedida, a manobra deve proporcionar novo constrangimento ao candidato. O prefeito de Berlim, Kai Wegner, também da CDU, prometeu barrar a proposta no Bundesrat, o Conselho Federal, se os votos da AfD forem determinantes para sua aprovação. Leis federais que afetam as competências estaduais são submetidas ao Conselho, que é formado por representantes dos estados. Berlim é uma cidade-estado.


"O Senado de Berlim nunca dará o seu consentimento a uma lei no Bundesrat que só recebeu uma maioria por causa da AfD", declarou Wegner.


A AfD, Alternativa para Alemanha, é considerada uma legenda de extrema direita pelos serviços de segurança do país. Neste mês, um recurso da sigla para barrar a classificação foi negado em segunda instância. O partido, que tem membros investigados por discurso de ódio e neonazismo e conta com o apoio de Elon Musk, defende a saída da Alemanha da União Europeia, a volta do marco alemão e fronteiras fechadas, entre outras bandeiras populistas.

Publicidade
Grupo de Notícias do Portal TV Campo Largo

Para receber as principais informações e notícias pelo WhatsApp, entre no grupo da TV Campo Largo Clicando Aqui.
Siga a TV Campo Largo no Instagram, Facebook e YouTube.




COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.