Presentão de Natal? Câmara de Campo Largo Avalia Novo Aumento Salarial para o Executivo em Regime de Urgência
Enquanto Prefeitura busca empréstimos milionários, projeto de lei propõe aumento de salários para prefeito, vice e secretários, gerando críticas pela possível ameaça a áreas essenciais como saúde e educação.
Na próxima segunda-feira (9), a Câmara Municipal de Campo Largo votará o Projeto de Lei nº 67/2024, que propõe reajustes para os salários do prefeito, vice-prefeito e secretários municipais. A proposta, em regime de urgência, eleva os subsídios para R$ 26.454,11 no caso do prefeito e R$ 17.500,00 para vice-prefeito e secretários, a partir de janeiro de 2025. Além disso, o projeto prevê o pagamento de benefícios como o décimo terceiro salário e adicional de um terço sobre o valor mensal nas férias.
O projeto enfrenta críticas pelo momento inoportuno, especialmente porque, em 2023, os mesmos cargos já tiveram aumentos significativos. Na ocasião, o salário do prefeito subiu de R$ 21.000,00 para R$ 24.498,00, um acréscimo de 16,6%. O vice-prefeito e os secretários também tiveram reajustes de 31% e 22%, respectivamente. Caso o novo projeto seja aprovado, o aumento acumulado para o prefeito ultrapassará 25% em apenas dois anos
A proposta de aumento chega em um momento de forte pressão financeira. Em 2024, a prefeitura foi autorizada a contratar dois empréstimos que somam R$ 50 milhões, destinados a obras de infraestrutura e outros projetos, mas que ampliaram as responsabilidades financeiras do município. Além disso, em 2025, Campo Largo terá que lidar com o pagamento de uma dívida milionária à família Parolin, resultado de uma longa disputa judicial que ainda impacta o orçamento..
O orçamento de 2025 está projetado em cerca de R$ 650 milhões, um valor que, segundo especialistas, será insuficiente para atender todas as demandas do município. Saúde e educação, dois setores prioritários, já enfrentam desafios significativos, agravados pelo aumento de custos e pela crescente demanda por serviços públicos.
Campo Largo é referência em saúde para a Região Metropolitana de Curitiba, atendendo pacientes de cidades vizinhas, o que sobrecarrega os serviços locais. Apesar disso, faltam recursos para expandir iniciativas como o teleatendimento e reforçar a infraestrutura das unidades básicas de saúde.
Na educação, o município busca se consolidar como referência estadual, mas enfrenta limitações financeiras para implementar ensino integral e realizar reformas em escolas. A defasagem salarial dos professores e a falta de valorização dos servidores do setor também dificultam avanços.
Os defensores do projeto argumentam que a medida é legal e necessária para garantir a valorização dos agentes políticos, respaldada por dispositivos da Constituição Federal que permitem a revisão anual de subsídios. Contudo, críticos apontam que o momento é inadequado, considerando o cenário econômico e social de Campo Largo.
“A aprovação de mais um aumento para o alto escalão é um claro descompasso com a realidade da maioria da população e dos servidores públicos, que enfrentam condições de trabalho difíceis e salários defasados”, afirmou um analista em gestão pública consultado pela TV Campo Largo.
A votação em regime de urgência também é vista com desconfiança. Para muitos, a falta de um debate público aprofundado compromete a transparência do processo e ignora as reais prioridades da cidade.
A votação de segunda-feira será um marco para a Câmara Municipal. Se aprovado, o projeto consolidará uma política de aumentos salariais que pode impactar negativamente o orçamento municipal e os serviços essenciais.
A sociedade civil tem acompanhado de perto o desenrolar das discussões, pressionando os vereadores para que priorizem investimentos em saúde, educação e infraestrutura. "O futuro de Campo Largo depende de decisões que reflitam o interesse público e não privilégios para poucos", concluiu um morador.
A nova composição da câmara de vereadores, que deve ser presidida no próximo ano pelo vereador Alexandre Guimarães terá o desafio de articular e tentar barrar este aumento, porem parece que o prefeito já possui a maioria dos vereadores em seu favor e o único até o momento que não esta fechado com o prefeito é o Vereador Gustavo Torres, os demais já se renderam ao prefeito e até própria eleição da mesa para o próximo pleito foi uma articulação do prefeito.
Campo Largo se vê em uma encruzilhada e com uma câmara que aparentemente dirá amém a tudo que o prefeito quiser fazer, mais uma vez parece que teremos cordeirinhos do prefeito na câmara de vereadores.
Matéria: Marcopolo Pais
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